Em diálogo recente com António Barros, e num contexto em que ele me confrontava (que é dizer, me inquietava, e, assim, pacientemente, me ensinava…) com a possível relação da sua obra com as propostas de Kenneth McKenzie Wark sobre uma “terceira natureza”, encontrei-me dizendo que identificava nas suas operações criativas toda uma densidade endereçada que colocava em causa a condição digital que habitamos, essa digitalidade ofuscante e obtusa, que tem vindo a promover a encriptação do real pelos sistemas fechados da informação e da representação numérica: é dizer: pela sua recusa, pela aguda consciência dessa entidade flutuante que é o virtual. No fundo, um projecto que convoca a realidade humana, e a Razão que lhe está subjacente.